O CONSULTOR DE RELAÇÕES PÚBLICAS NA ITÁLIA

21/05/2012 16:59

Lana D'Ávila Campanella

 

Autores italianos como: Roggero e Pecchenino (1995), Settaro (1994), Invernizzi (2001), entre outros são unânimes quando citam os aspectos positivos e negativos do consultor de Relações Públicas na estrutura organizacional na realidade italiana. Pode-se resumi-los em:

-Pode não vivenciar o quotidiano da empresa e os problemas de clima organizacional, contudo, está livre de juízo e menos condicionado a deixar-se influenciar pelo meio organizacional;

-Sendo um profissional liberal, o consultor atende a várias organizações (não a concorrência, por questões éticas) e com isso, acumula, analisa e filtra uma grande quantidade de dados que contribuem para a sua experiência refletindo diretamente nas organizações em que atua;

-Por estar em constante contato com o ambiente externo, possui um mailing de relacionamentos e uma gama de informações;

-O custo de uma consultoria, apesar de ser alto é justo, dependendo do problema da empresa. Geralmente, para uma média empresa, o custo de uma consultoria paga o salário anual de um funcionário de médio staff.

O consultor pode atuar individualmente ou fazer parte de uma agência de consultoria – normalmente composta por duas ou quatro pessoas – que apresentam características similares a atuação individual. Uma agência média, teoricamente divide o seu staff em consultores especializados: em eventos, público interno, planejamento e implantação, pesquisa, assessoria publicitária e de mercado, e outras categorias que possam advir das necessidades dos clientes que atendem. Cavallo (1993) cita os serviços que, geralmente, compreendem a rotina de um consultor:

-Corporate imagine - posicionamento ou reposicionamento da imagem organizacional e sua identidade corporativa corporate identity ;

-Marketing communications - comunicação de um serviço/produto, através de promoções e eventos;

-Internal relations - estudo, análise e soluções no ãmbito das relações da organização com os seus funcionários e criação ou modificação de uma cultura organizacional;

-Community relations - estudo, análise e solução para os problemas da organização com a comunidade onde está inserida em temas como: segurança no trabalho, ambiente e ecologia, ajuda as autoridades locais, intervenções culturais e recreativas;

-Comunicazione economico-finanziaria - juntamente com o apoio de analistas e de jornalistas do setor, bem como, o apoio junto às pesquisas publicadas pelos organismos oficiais, com o intuito de publicar documentos da organização (balanço, relatórios, semestrais, cartas para acionistas);

-Rapporti com le istituzioni e public affairs - monitoramento legislativo-normativo relativo as normas governamentais, atividades de lobby, informações das ações da organização para os parlamentares e ministérios;

-Casi di emergenza - análise de crises, planejamento e desenvolvimento de ações.

O profissional de Relações Públicas – como consultor – em relação aos outros profissionais de comunicação é comparado a um maestro que coordena vários setores para a boa execução de uma única partitura que têm por protagonista a organização. A função do profissional de Relações Públicas na organização é recente e, ainda, necessita de referências que valorizem a profissão e sua real importância. Certamente, o profissional deverá ajudar aos demais setores da organização a compreenderem sua função e a valorizarem sua atividade procurando a compreensão e o apoio do top management (Cavallo, 1993), ou seja, do alto escalão, criando interesse em relação a sua própria atividade e no planejamento que está desenvolvendo.

Em outras palavras, o profissional de Relações Públicas deve influenciar e convencer o top management de sua validade e da importância de seu planejamento de comunicação obtendo, assim, uma perfeita definição da própria posição dentro da organização. Deve fazer valer a sua profissão outorgando-a respeito e dignidade e acreditando em seu real valor.

O perfil que identifica um profissional de Relações Públicas na Itália, segundo Roggero e Setaro (1994) consiste em:


-Ter cursado um curso de Láurea – equivalente ao curso de Graduação no Brasil na área econômica ou humanística;

-Ter se aprofundado na atividade através de estudos no exterior - na Europa ou nos Estados Unidos – uma vez que o sistema universitário italiano propicia através de programas (Sócrates/Erasmus e Leonardo da Vinci) oportunidade de estagiar em outros países;

-Buscar experiências ou estágios em organizações durante a vida acadêmica;

-Expressar-se corretamente, escrever com clareza e falar pelo menos duas línguas estrangeiras;

-Ter experiência em redação;

-Saber falar em público e não se intimidar com o tamanho de uma platéia;

-Ter feito cursos de extensão nas áreas da história, psicologia e sociologia;

-Ter viajado e continuar viajando muito para que possa obter conhecimentos gerais e ampliar sua visão de mundo;

-Saber valer sua própria personalidade, profissão e idéias;

-Saber ouvir críticas e aproveitá-las para o próprio crescimento profissional;

-Ler muito, pelo menos quatro jornais por dia, duas revistas por semana, um par de publicações especializadas de sua área ao mês (de preferência alguma publicação estrangeira) e dois a três livros por mês;

-Estar sempre envolvido com o meio social: livros, cinemas, esportes, arte, etc.;

-Conhecer vinhos e ter noções básicas de gastronomia e no trato à mesa;

-Vestir-se de maneira clássica, com um mínimo de gosto (não é indispensável, mas facilita a comunicação com o interlocutor).

 

REFERÊNCIAS

CAVALLO, Antonio. Pubbliche Relazioni e Comportamento in Servizio. Bari: Levante, 1993.

INVERNIZZI, Emanuele. Metodi e Gestione delle Relazioni Pubbliche 1 e 2. Milano:IULM, 2001.

ROGGERO, Giuseppe e SETARO, Mariateresa. Teoria e tecnica delle Relazioni Pubbliche. Milano: Lupetti,1994.